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segunda-feira, 13 de maio de 2013

Philippa, o mistério e a luz

No final de Fevereiro foi a vez da sala da Mathilde apresentar o seu trabalho dentro da Área de Projecto deste ano : "Ser protagonista".
A rainha escolhida foi Filipa de Lencastre.
A professora da Mathilde conversou comigo e decidiu-se fazer um musical. Para isso deitei-me à pesquisa do essencial, a vida de Philippa of Lencaster.
Descobri que esta nossa rainha é um mistério pois, por mais que tenha investigado, na internet encontrei apenas uma referência nos "Lusíadas" e um poema de Fernando Pessoa. Tudo o resto eram pequeníssimas observações, quando as havia, espalhadas por imensas e densas descrições do reinado do Mestre de Avis.

A professora falara-me de um livro de Isabel Stilwell que demorei a encontrar, esgotado nas livrarias todas e sem data exacta de entrega encomendando na net. Lá descobri um exemplar único, quando já julgava que a vida de Philippa of Lencaster era dos segredos mais bem guardados a seguir ao da receita da coca-cola, e alegrei-me ao ouvir, na loja, as palavras "Penso que ainda devemos ter um." A minha alegria diminui um bom bocado de intensidade quando olhei para ele. Nada mais, nada menos que 500 páginas. Faltavam 10 dias para a apresentação e sem ler o livro, como é que eu ia escrever o que quer que fosse a tempo de ensaios, guarda-roupas, adereços, cenários, som, projecção, etc.?


Ora dei por mim a lê-lo como se estivesse a estudar para um exame numa corrida contra o tempo, com a agravante de já não ter, nem nada que se pareça, o mesmo tempo e o mesmo fôlego que tinha quando, efectivamente, estudava contra o tempo aos 20 anos, mas sim, 1 - muito mais trabalho (aliás trabalho, dispensa-se superlativos, pois não o tinha quando era estudante. Se bem que a dispensa não se aplica na reformulação que me ocorre e,  já que o ângulo utilizado é este da corrida contra-relógio agravada pelos obstáculos da indisponibilidade factual, permito-me um "pior"!! TrabalhoS, no plural, porque muito ocupada ando eu, sem dúvida!), 2 - marido e duas filhas, 3 - 42 anos que, quer eu queira quer não, não usufruem da mesma energia e resistência à privação de sono que 42/2 - 1 para além da hipermetropia galopante que faz com que ver ao perto, logo ler, se esteja a tornar um teste de visão permanente que não tolera vigílias prolongadas para além do razoável. 

Resumindo, com 42 anos, olhos cansados, muito trabalho e família, foi-me pesada e cansativa a leitura corrida da vida da primeira rainha da segunda dinastia portuguesa. Gostei imenso do que li, gostava era de ter lido sem a pressão do relógio que me mostrava sem dó que estava cada vez mais perto do dia da performance e que só poderia começar a escrever após 500 páginas literalmente devoradas. A expressão é muito boa porque tenho a certeza que comi algumas letras a ver se a coisa avançava mais depressa.

Uma troca de datas deu-nos mais uns dias. Até lhe chamei milagre, tal foi o alívio. Se foi da Rainha Santa, em caridosa ajuda porque achou graça ao "Les Champs Elysées" com a letra do milagre das rosas ou de Nossa Senhora, de quem a Rainha Filipa, beatíssima, era devota "ferrenha", que teve curiosidade de ver o que sairia dali, não cheguei a saber, mas que me aliviou as penas, aliviou, e se milagre pode soar a exagero, pelo menos foi uma benção, sobretudo para os meus olhos que puderam dormir mais regradamente.


Descobri uma mulher extraordinária e a partir desta biografia construí um musical inspirado no "Mamma Mia". Comprei os Karaokes, escrevi as letras e o resto. Nunca percebi como é que o "One of us" não faz parte do verdadeiro musical e resolvi pô-lo logo a abrir. Usámos o "Thank you for the music", o "Money Money Money", o "Dancing Queen", o "Honey Honey", o "I have a dream", o "Super Trouper" e o "Mamma Mia" com uma corneta de tourada e o Porompompero lá pelo meio a propósito de Espanha. 


Apeteceu-me imenso vestir os alunos como no "Super Trouper" mas era difícil de conseguir e o Xav sugeriu que fossem vestidos de uma forma simples - t-shirt branca, calças de ganga e ténis coloridos, com um adereço que reportasse à monarquia - capas coloridas. Acrescentámos-lhe uma pregadeira, cada um escolheu a sua, todas diferentes, e uma ou outra coroa e chapéu consoante as personagens, máscaras para uma cena com saltimbancos, os instrumentos de "As canções da Maria" para a banda residente de jograis da coroa e, com o Xav, fizemos fitas coloridas que atámos em espátulas, para algumas das coreografias. 


A professora fez saquinhos para confetis e distribuimos mesas pelo cenário, para que se pudessem movimentar, subir descer, dançar lá em cima, etc., a Gracinha tratou de "vestir" as mesas e muitos pais ajudaram nos ensaios e no dia. O mais complicado foi o som mas a Valentim de Carvalho emprestou-nos, gentilmente, uma mesa fantástica para ligar tudo o que precisávamos.


Ensaiámos várias vezes e todos se portaram fantasticamente. 

A professora, maravilhosa, entrou também, a Rainha Sónia na sua corte a apreciar um musical que os súbditos lhe dedicavam.

Foi uma trabalheira, uma Senhora Dona Trabalheira, e foi muito bom. Correu muitíssimo bem e todos se divertiram e gostaram muito.


A Mathilde cantou e encantou no seu papel de D. Filipa deixando-me, como sempre, de lágrima ao canto olho de orgulho e felicidade. 

É tão bonita esta nossa filha crescida. Uma benção. Permito-me aliás o eventual exagero, um milagre de tão incrível que é para mim. 
Que sorte que eu tenho! 
O que são uns olhos cansados quando toda a luz de que preciso vive comigo e eu sou totalmente dela?




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