A Mathilde foi uma zebra.
Não lhe agradou a ideia. Revendo as personagens que lhe calharam em sorte, dizia ela a uma amiga nossa:
"1º ano - Uma gota de chuva
2º ano - Uma estrela
3º ano - Um pacote de leite (julgo que esta ocupa o lugar do TOP)
4º ano - Uma zebra
Tu já viste bem a minha vida?"
Ainda assim, como lhe digo sempre, o mais importante é ser a melhor gota de água, a melhor estrela, o melhor pacote de leite ou a melhor zebra que ela consiga ser. E, à falta de maior incentivo, o guarda-roupa haveria de ajudar.
Como o tempo de trabalho nos últimos 3 meses excedeu em muito o tempo do relógio, só consegui dedicar-me à indumentária zebra-like na véspera do evento. Estive até às 3 da manhã a pintar uma t-shirt e umas leggins, porque a maldita caneta teimava em não pintar e o tecido fugia por todo o lado e teimava em não agarrar a tinta.
O pai conseguiu encontrar umas orelhas e um rabo riscados e ainda lhe fiz um cordão de trapilho entrançado para prender a dita cauda.
A Mathilde ficou contente. E mais ainda quando os colegas lhe disseram que ela estava muito bonita mascarada de zebra.
Até a Fadinha dos Dentes, que entretanto lhe escreveu a propósito de um molar (porque já caíram 18 dentes à nossa criança de 9 anos, é um "vê se te avias" que impressiona pela rapidez com que a dentição vai sendo substituída!), lhe disse que entre a "Zebra Alzira, mais conhecida por Zizi, sua Alteza, de "As canções da Maria" (a canção preferida das manas, uma bela rockalhada de Natal, em honra da letra Z), e a Khumba, uma zebra que só tem riscas até à cintura, protagonista de um filme a estrear, lhe disse que ser zebra está super na moda!
Se há coisa que uma menina de 9 anos gosta é de estar na moda. Com ou sem riscas.
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