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terça-feira, 14 de maio de 2013

Preocupação estática



Outubro/2012, Bordeaux...

- Tu as remarqué, Xav? Nos filles font un grand succès avec les hommes-statue, par tout dans le monde... Un jour elles vont nous ramener un à la maison...

(Entenda-se "Um dia ainda nos levam um para casa..." no sentido da apresentação aos pais de um namorado. Espero que os homens estátua não exerçam fora do contexto laboral pois um "genro" estátua que fala por mímica não me cheira que nos encha as medidas no que ao contacto diz respeito.)

Mergulhos com coentros e batatinhas

A festa de aniversário das manas M foi diferente de todas as anteriores. Foi numa piscina.
Conseguimos um espaço só para a festa e como a Mathilde queria muito fazer em conjunto com a sua grande amiga Matilde, e como a Matilde tem um irmão gémeo, e como a Manon também queria a piscina, e como fazem todos anos perto em datas próximas, juntámos as 4 festas e organizámos uma bela festarola.



As manas divertiram-se a gravar um convite, cada uma o seu, para os respectivos convidados, onde começavam por convidar e acabavam a prevenir os amigos de que, se não fossem à festa, lhes cortavam a cabeça, lhes serravam o crânio, lhes picavam os miolos e os comiam assados no fornos com batatinhas e coentros. 

Os amigos vieram. Não quiseram ficar sem miolos ;) :D

Aqui ficam uns bocadinhos dos vídeos onde, depois do convite, elas se dispõem às ditas artes culinárias.














Artes Plásticas VII - Cabeçudas

Umas cabeças, as nossas filhas! ;)

Mathilde





Manon


Artes Plásticas VII - Mãe

E para o dia da Mãe, mais uma vez com grande imaginação e ajuda dos professores, as manas fizeram arte cheias de amor, porque são, sem dúvida, obras de arte e de amor.


 Da Manon






Da Mathilde







Até as embalagens foram cuidadosamente preparadas :)


Da Manon





Da Mathilde





Artes Plásticas VI - Pai

Este ano para o dia do pai, a Manon e a Mathilde, designers em miniatura e com a ajuda e criatividade dos professores e da professora de Artes Plásticas, fizeram prendas bastante originais - Carimbos.



Artes Plásticas V - A minha Família

As Artes Plásticas continuam.

Tema - A minha família.



segunda-feira, 13 de maio de 2013

Heranças genéticas, anjos e santos, claves de sol, e paradoxos

De uma forma geral, quando à espera dos filhos, os pais imaginam como serão os seus rebentos. 
A Ecografia, com uma definição cada vez maior, tem vindo a antecipar suspeitas, e mesmo convicções, de parecenças físicas com os progenitores, mas arriscar algo para lá da aparência exterior mantém-se no capítulo da imaginação.

Não consegui perceber, durante a gravidez, se a Mathilde e a Manon seriam assim ou assado, embora o facto da Manon se mexer tremendamente dentro da minha barriga me levasse a pensar que ela poderia ser igualmente mexida fora dela. A favor das espectativas é. É um bicho carpinteiro, cheia de pelo na venta, que começou por saltar e só depois andar. 

Uma das coisas que me perguntei era se elas seriam afinadas e, à medida que cresciam, ia piscando o olho a Santa Cecília, na esperança que abençoasse o ouvido das manas M. 

Há quem queira que os filhos sejam muito inteligentes, ou muito bonitos, ou grandes desportistas, ou artistas, ou etc., ou tudo junto. Eu também prefiro que as nossas filhas sejam tudo o que é bom e vantajoso para elas, e se puderem ser tudo junto, tanto melhor. Mas o que eu sempre peço é que tenham saúde, física e mental, pois com saúde tudo se faz, a todo o lado se pode chegar. E já agora, se pudessem ser afinadinhas, era a cereja em cima do bolo, que é como quem diz a clave em cima da pauta, não se diz mas digo eu.

A clave foi-lhes concedida e eu agradeço. A Santa Cecília, aos Anjos-da-Guarda e ao milagre do acaso na escolha dos genes maternos no que à acuidade musical diz respeito em detrimento de outra possível metade de timbre mavioso mas sem afinação possível. O Xav tem uma voz muito bonita, no entanto, muda de sílaba e muda de tom. Ele próprio diz que o que faz não é para qualquer um. E não é. Eu já tentei imitá-lo e não me sai como a ele.

As Mathilde e a Manon cantam muito bem, são afinadas, com grande sensibilidade rítmica e estão cada vez mais precisas.
Se há coisa de que gosto é de ouvir as suas vozinhas doces a cantarolar.

Gravámos o "As canções da Maria II" que deverá sair no início do próximo ano lectivo. 
Gravámos num estúdio fantástico, do Renato Júnior, novinho a estrear. Um privilégio. 
As manas colaboraram em tudo o que puderam e derreto-me, maternalmente, a ouvi-las.

Fui procurar imagens delas de há dois anos, aquando das primeiras gravações, e as diferenças são a prova cabal do tempo que, sem clemência, avança. As nossas tão pequeninas estão a deixar de ser "tão" e já são apenas pequeninas. 
Quero tanto que elas cresçam e tenho tantas saudades delas bebés e tão, tão pequeninas.
O paradoxo dá cabo de mim.












La deuxième étoile

Na Páscoa fomos de férias para a montanha. 
Tal como em anos anteriores, fizemos uma paragem obrigatória, de dois dias, em Lyon, uma cidade que me encanta sempre, para ver os nossos amigos Gougeon


Rumámos depois para L'Alpe D'Huez  e passámos uma semana fantástica! 
Neve e mais neve com muita brincadeira à mistura e grandes progressos. As manas M, muito orgulhosas, passaram a Deuxième Étoile. 



Este ano visitámos a gruta do gelo e andámos de moto-neige.







E tudo isto, graças a um amigo :) Merci "Tonton" Younes!




Philippa, o mistério e a luz

No final de Fevereiro foi a vez da sala da Mathilde apresentar o seu trabalho dentro da Área de Projecto deste ano : "Ser protagonista".
A rainha escolhida foi Filipa de Lencastre.
A professora da Mathilde conversou comigo e decidiu-se fazer um musical. Para isso deitei-me à pesquisa do essencial, a vida de Philippa of Lencaster.
Descobri que esta nossa rainha é um mistério pois, por mais que tenha investigado, na internet encontrei apenas uma referência nos "Lusíadas" e um poema de Fernando Pessoa. Tudo o resto eram pequeníssimas observações, quando as havia, espalhadas por imensas e densas descrições do reinado do Mestre de Avis.

A professora falara-me de um livro de Isabel Stilwell que demorei a encontrar, esgotado nas livrarias todas e sem data exacta de entrega encomendando na net. Lá descobri um exemplar único, quando já julgava que a vida de Philippa of Lencaster era dos segredos mais bem guardados a seguir ao da receita da coca-cola, e alegrei-me ao ouvir, na loja, as palavras "Penso que ainda devemos ter um." A minha alegria diminui um bom bocado de intensidade quando olhei para ele. Nada mais, nada menos que 500 páginas. Faltavam 10 dias para a apresentação e sem ler o livro, como é que eu ia escrever o que quer que fosse a tempo de ensaios, guarda-roupas, adereços, cenários, som, projecção, etc.?


Ora dei por mim a lê-lo como se estivesse a estudar para um exame numa corrida contra o tempo, com a agravante de já não ter, nem nada que se pareça, o mesmo tempo e o mesmo fôlego que tinha quando, efectivamente, estudava contra o tempo aos 20 anos, mas sim, 1 - muito mais trabalho (aliás trabalho, dispensa-se superlativos, pois não o tinha quando era estudante. Se bem que a dispensa não se aplica na reformulação que me ocorre e,  já que o ângulo utilizado é este da corrida contra-relógio agravada pelos obstáculos da indisponibilidade factual, permito-me um "pior"!! TrabalhoS, no plural, porque muito ocupada ando eu, sem dúvida!), 2 - marido e duas filhas, 3 - 42 anos que, quer eu queira quer não, não usufruem da mesma energia e resistência à privação de sono que 42/2 - 1 para além da hipermetropia galopante que faz com que ver ao perto, logo ler, se esteja a tornar um teste de visão permanente que não tolera vigílias prolongadas para além do razoável. 

Resumindo, com 42 anos, olhos cansados, muito trabalho e família, foi-me pesada e cansativa a leitura corrida da vida da primeira rainha da segunda dinastia portuguesa. Gostei imenso do que li, gostava era de ter lido sem a pressão do relógio que me mostrava sem dó que estava cada vez mais perto do dia da performance e que só poderia começar a escrever após 500 páginas literalmente devoradas. A expressão é muito boa porque tenho a certeza que comi algumas letras a ver se a coisa avançava mais depressa.

Uma troca de datas deu-nos mais uns dias. Até lhe chamei milagre, tal foi o alívio. Se foi da Rainha Santa, em caridosa ajuda porque achou graça ao "Les Champs Elysées" com a letra do milagre das rosas ou de Nossa Senhora, de quem a Rainha Filipa, beatíssima, era devota "ferrenha", que teve curiosidade de ver o que sairia dali, não cheguei a saber, mas que me aliviou as penas, aliviou, e se milagre pode soar a exagero, pelo menos foi uma benção, sobretudo para os meus olhos que puderam dormir mais regradamente.


Descobri uma mulher extraordinária e a partir desta biografia construí um musical inspirado no "Mamma Mia". Comprei os Karaokes, escrevi as letras e o resto. Nunca percebi como é que o "One of us" não faz parte do verdadeiro musical e resolvi pô-lo logo a abrir. Usámos o "Thank you for the music", o "Money Money Money", o "Dancing Queen", o "Honey Honey", o "I have a dream", o "Super Trouper" e o "Mamma Mia" com uma corneta de tourada e o Porompompero lá pelo meio a propósito de Espanha. 


Apeteceu-me imenso vestir os alunos como no "Super Trouper" mas era difícil de conseguir e o Xav sugeriu que fossem vestidos de uma forma simples - t-shirt branca, calças de ganga e ténis coloridos, com um adereço que reportasse à monarquia - capas coloridas. Acrescentámos-lhe uma pregadeira, cada um escolheu a sua, todas diferentes, e uma ou outra coroa e chapéu consoante as personagens, máscaras para uma cena com saltimbancos, os instrumentos de "As canções da Maria" para a banda residente de jograis da coroa e, com o Xav, fizemos fitas coloridas que atámos em espátulas, para algumas das coreografias. 


A professora fez saquinhos para confetis e distribuimos mesas pelo cenário, para que se pudessem movimentar, subir descer, dançar lá em cima, etc., a Gracinha tratou de "vestir" as mesas e muitos pais ajudaram nos ensaios e no dia. O mais complicado foi o som mas a Valentim de Carvalho emprestou-nos, gentilmente, uma mesa fantástica para ligar tudo o que precisávamos.


Ensaiámos várias vezes e todos se portaram fantasticamente. 

A professora, maravilhosa, entrou também, a Rainha Sónia na sua corte a apreciar um musical que os súbditos lhe dedicavam.

Foi uma trabalheira, uma Senhora Dona Trabalheira, e foi muito bom. Correu muitíssimo bem e todos se divertiram e gostaram muito.


A Mathilde cantou e encantou no seu papel de D. Filipa deixando-me, como sempre, de lágrima ao canto olho de orgulho e felicidade. 

É tão bonita esta nossa filha crescida. Uma benção. Permito-me aliás o eventual exagero, um milagre de tão incrível que é para mim. 
Que sorte que eu tenho! 
O que são uns olhos cansados quando toda a luz de que preciso vive comigo e eu sou totalmente dela?




"Belle" é o meu nome do meio



Antes de sair para um concerto, o Xav propôs esticar o cabelo à Manon e à Mathilde. Sim, ele sabe fazer penteados, muito melhor do que eu que não nasci com talento algum para dar forma a cabelos.

Esticou o da Mathilde com escova e babyliss sem nenhum comentário da menina penteada que não fosse "C'est parfait, papa.", mas assim que passou a escova na primeira madeixa da Manon, esta queixou-se:


- Aie! Ça fait mal, papou!

- Il faut souffrir pour être belle!
- Mais tu m'a dit que je n'avait pas besoin!



"Visão selectiva" ou "Há quem saiba receber!"


O nosso primeiro grande concerto de "As canções da Maria" foi em Santa Maria da Feira, em Novembro do ano passado.
Estávamos  os quatro entusiasmados e ansiosos.

Quando chegámos ao hotel, na véspera à noite, a Mathilde e a Manon, após aturada investigação de todos os cantinhos do quarto, espreitaram por uma das janelas e o que viram deixou a mais velha maravilhada...

- Mamã!! Vem cá ver! É lindo! Escreveram o teu nome no passeio!



Géneros


Mathilde: "Já viste? Eu podia ter sido um rapaz!"

Manon: "Eu não queria nunca ser um rapaz! Que horror! Não dá para fazer penteados!"

C'est papa qui décide. C'est sa journée!


O papounet fez anos a 27 de Abril.

No ano passado, enchemos-lhe a casa de balões e fizemos-lhe uma caça ao tesouro com enigmas espalhados pela casa, cada um era uma pista para o próximo até ao cofre do pirata, cheio de presentes e desenhos.  Um desafio para mim, escrevê-los em francês. A minha alma poética é muitíssimo portuguesa e no que toca a criatividade elaborada e, neste caso, enigmática, a inspiração é grande mas transpiro muito, muito mais :)

Foi um sucesso, com um ou outro erro ortográfico ;) que até lhe deram uma graça infantil. Pois se era um aniversário e no dia do nosso aniversário somos crianças outra vez. Pelo menos é assim que mais me agrada.

Este ano as manas combinaram entre elas que a primeira que acordasse iria chamar a outra para correrem para a nossa cama e parabenizarem entusiasticamente o seu papounet d'amour.


A Mathilde, tão dorminhoca, foi a primeira de tão ansiosa que estava e foi com dificuldade que esperou pela ensonada Manon.

Era sábado e se há coisa que amamos cá em casa são os sábados! Podemos dormir!!! Muito! Todos!
Mas sábado 27 de Abril não era um sábado qualquer, era o dia de aniversário do pai mais fantástico, mais divertido, mais imaginativo deste mundo e, atrevo-me a imaginar, de outros também. Por isso, para a Mathilde e para a Manon a prioridade não eram os braços de Morfeu mas os braços de Xavier.
E foi com essa vontade e amor imenso que o vieram acordar.
E foi com essa vontade e amor imenso que durante todo o dia nos acompanharam em tudo, com a frase sempre pronta "C'est papa qui décide. C'est sa journée!"

Muitos parabéns, meu amor!

Que privilégio ser a mãe quando tu és o pai!



Da Manon




Da Mathilde